O urbanista francês Alain Bertaud é conhecido por seu trabalho na análise e no planejamento de sistemas urbanos. É autor de vários livros, incluindo Ordem sem Design: Como os Mercados Moldam as Cidades, cuja versão em português será lançada no dia 11 de abril, em um evento que será realizado a partir das 9h, no Insper. Bertaud vai participar de um painel para discutir os temas abordados em sua obra e outros aspectos relacionados a aglomerados urbanos.
Urbanismo: O mais recente de arquitetura e notícia
Dados são fundamentais para melhorar a qualidade de vida nas cidades
Floresta Cidade, outras metrópoles urgem
Floresta Cidade é um programa de extensão, pesquisa e ensino da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, iniciado em 2020 e coordenado pela professora Iazana Guizzo. Ao versar sobre a vida urbana carioca através das questões do antropoceno e do deslocamento da perspectiva antropocêntrica, objetiva-se a troca de saberes em torno do habitar na metrópole. A transdisciplinaridade com diversos campos do conhecimento e com sensibilidades conectadas à floresta, historicamente silenciadas, formam o caminho para deslocar o modo habitual de pensar.
A cidade como casa: a importância da hospitalidade urbana para a população em situação de rua
A moradia adequada, e tudo que a envolve de maneira mais ampla, é um dos princípios essenciais da humanidade, estabelecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. No entanto, segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU), 150 milhões de pessoas vivem em situação de rua no mundo, e 1,6 bilhão vive sob condições inadequadas de habitação. A crise habitacional é uma problemática multifacetada e enfrentada de diferentes formas e escalas por muitas cidades, em diversos países e continentes, e um de seus aspectos mais difíceis e complexos é justamente a privação desse direito básico a certas pessoas, de diversas maneiras e por diferentes razões.
Maceió: abrir ruas em um parque pode melhorar o trânsito?
Esse não é o primeiro texto a falar sobre isso, muito menos será o último. Diversos artigos apontam a inconsistência de vender políticas urbanas que favoreçam o automóvel como soluções de mobilidade. Eu mesmo escrevi em 2021 sobre a necessidade de pararmos de construir viadutos e dizer que eles vão resolver os problemas de mobilidade. Porém, recentemente, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) de Maceió, autarquia vinculada à prefeitura, abriu uma consulta pública para questionar a população sobre a abertura de ruas no maior parque linear da cidade, o Corredor Vera Arruda. O objetivo da proposta é melhorar a “mobilidade” e “fluidez” da região, que “sofre” com congestionamentos nos horários de pico.
6 Habitações coletivas que repensam o desenho da quadra urbana
A quadra é um elemento tipicamente urbano que, historicamente, apresentou-se sob diferentes formas e desenhos, fazendo parte, de maneira estrutural, das diretrizes de planejamento das cidades. A partir da observação de alguns tecidos urbanos de cidades como Barcelona, na Espanha, Paris, na França, e Copenhagen, na Dinamarca, é possível perceber a grande variação entre os modelos de quadras, em inúmeros aspectos, definindo suas próprias paisagens e dinâmicas. Alterações de estilo e formato, mudanças volumétricas na relação entre cheios e vazios, e modificações entre as conexões de acesso com o entorno, são alguns exemplos de particularidades tipológicas que as diferenciam. Assim, muitas vezes, em suas especificidades, as quadras constituem-se enquanto características emblemáticas e representativas não somente de determinados modelos de planejamento urbano, desenvolvidos ao longo da história, mas também das próprias cidades.
Arquitetura para o fim da civilização: projetando no pós-apocalipse
Todos estamos familiarizados com o enredo de um filme que se passa em uma cidade ainda em pé em uma era pós-apocalíptica. As ruas estão vazias, exceto por alguns sobreviventes que perambulam sem rumo, procurando sinais de vida. Os edifícios começam a desmoronar e as estruturas a enferrujar após anos de negligência, trens, ônibus e outros meios de transporte ficam abandonados e as ervas daninhas crescem nas rachaduras das calçadas e ruas. A cena parece assustadora porque não podemos imaginar nosso ambiente físico em estado de deterioração. Parece impossível que nossos ambientes construídos, onde vivemos e trabalhamos, de repente se tornem ruínas. A cidade para de vibrar.
As coisas precisam pegar fogo para que novas cresçam?
Em 1906, um forte terremoto atingiu São Francisco, na Califórnia. O choque inicial danificou edifícios em toda a região. Porém, o pior estava por vir, incêndios surgiram em prédios desabados, em alguns casos por canos de gás quebrados.
Nos quatro dias seguintes, uma conflagração varreria mais da metade da cidade, consumindo mais de 4,7 milhas quadradas no centro da cidade, destruindo 28.188 prédios, matando mais de 3.000 pessoas pela contagem oficial e deixando entre 227.000 e 300.000 pessoas desabrigadas (de uma população total de 410.000).
Cidade das mulheres: planejamento ignora aspectos cruciais para cidades equitativas
Ao monitorar os resultados da construção de uma praça em Porto Alegre, um dado chama atenção: depois de meninos e meninas brincando, são mulheres que cuidam das crianças as principais frequentadoras do espaço. A história ocorreu em uma região vulnerável da cidade e evidencia uma atividade muitas vezes ignorada pelo planejamento urbano: o cuidado.
O objetivo do monitoramento, no Loteamento Santa Terezinha, era verificar o perfil de frequentadores e sua percepção sobre o espaço e seus equipamentos, recentemente qualificados por uma série de organizações, bem como das rotas escolares em seu entorno. Realizada pelo WRI Brasil em parceria com a Fundação Grupo Volkswagen, a pesquisa mostrou que crianças representam 89% dos frequentadores da praça. E que 4,5 vezes mais mulheres adultas frequentam a praça do que homens – na maioria das vezes, acompanhando os pequenos.
Arábia Saudita divulga projeto de edifício cubo de 400 metros de altura em Riad
O governo da Arábia Saudita revelou o projeto do Mukaab, um arranha-céu em forma de cubo que se tornará o coração do distrito de New Murabba no centro de Riad. O Mukaab tem a ambição de se tornar a maior estrutura construída do mundo, com medidas de 400 metros de altura, largura e comprimento. O edifício estará situado no noroeste de Riad, em uma área de 19 quilômetros quadrados, que se tornará um dos maiores empreendimentos urbanos do mundo. O arranha-céu Mukaab e o distrito de Murabba foram anunciados por Sua Alteza Real, o Príncipe Herdeiro Mohammad bin Salman bin Abdulaziz, que é Primeiro Ministro e Presidente da Nova Companhia de Desenvolvimento de Murabba (NMDC).
Heatherwick Studio lança iniciativa para promover a saúde das ruas e espaços públicos
Com muitas ruas vazias e a Associação Nacional de Serviços de Saúde do Reino Unido levada ao limite, o Heatherwick Studio propôs um novo tipo de espaço de saúde. A iniciativa Health Street se insere no coração das comunidades, reimaginando a forma como enxergamos o bem-estar e a saúde de maneira holística. Esta abordagem de fomento da saúde se baseia na integração de instalações lideradas pela comunidade nas ruas locais.
UNStudio, HKS e Gehl são selecionados para liderar expansão do sistema de transporte em Austin
A Austin Transit Partnership selecionou as firmas UNStudio, HKS e Gehl para liderar a arquitetura e o planejamento urbano do Project Connect, uma expansão do sistema de transporte público da cidade texana. O projeto integrará o sistema ferroviário, expandirá as rotas de ônibus e se conectará com uma variedade de serviços por toda a cidade. Em novembro de 2020, os cidadãos de Austin aprovaram o Projeto Connect, levando à criação da entidade independente Austin Transit Partnership, encarregada de implementar o projeto.
A ascensão e queda da densidade urbana de Nova York
Por duzentos anos, a cidade de Nova York tem sido a maior metrópole dos Estados Unidos e continua a superar suas concorrentes. A cidade é uma das mais antigas e prósperas do país. Sua região metropolitana produz bens e serviços que equivalem em termos monetários à metade do que o Brasil produz. A sua estrutura urbana, capacidade produtiva e elevada renda per capita evidenciam sua posição privilegiada no mundo, e uma das chaves para entender a sua ascensão está no início da sua história e ao longo do seu processo de desenvolvimento. Em 1624, as terras da ilha de Manhattan foram compradas do povo indígena Lenape pelo holandês Peter Minuit, da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, que fundou a chamada Nova Amsterdã. A ilha é uma extensa área plana de 59 km² situada em meio à foz do Rio Hudson e do Rio do Leste. A baía permitia atracar grandes navios e era também um local mais fácil de se defender.
O avesso da folia: a cidade efêmera do carnaval de Salvador
Às vésperas de embarcarmos, coletivamente, à bordo de mais uma aventura conhecida como carnaval, o primeiro propriamente dito após o longo e difícil período da pandemia de Covid-19, é importante falarmos sobre um outro aspecto da folia, menos abordado e visibilizado nas narrativas dominantes sobre o tema. Num recorte temporal mais recente, é possível perceber que em algumas cidades, com o aumento da escala, proporção e engajamento dos festejos carnavalescos, aliado ao grande interesse turístico e econômico disparado pela festa, o carnaval passou a mobilizar engendramentos cada vez mais amplos de logísticas, equipamentos e estruturas. Esses elementos passaram a tensionar uma série de espacialidades e outras dinâmicas urbanas existentes, incorporando-se, cada vez mais invasivamente, na relação entre essa importante festa popular e determinados espaços das cidades.
Pelo fim do subsídio do setor elétrico à ocupação de áreas de risco
No período de chuvas mais intensas, é recorrente o noticiário de desastres urbanos, como deslizamentos de terras, enchentes e alagamentos, com perda de vidas humanas e gravíssimos danos materiais. Na maioria dos casos, a vulnerabilidade das áreas atingidas já era conhecida, mas não se impediu sua ocupação. Via de regra, as áreas devastadas serão novamente ocupadas pelos sobreviventes tão logo quanto possível, sem que qualquer obra seja realizada para remover o risco.