Dorte Mandrup venceu o concurso internacional para projetar o novo Exilmuseum em Berlim. Localizado ao lado das ruínas da histórica estação ferroviária Anhalter Bahnhof, o museu contará histórias de pessoas que fugiram durante o regime nazista e também voltará sua atenção às questões atuais de imigração e violência. A proposta do estúdio reinterpreta as ruínas do pórtico de Askanischer Platz, um monumento e símbolo daqueles que foram levados ao exílio durante a Segunda Guerra Mundial.
A tradição moderna hegemônica, ou “vencedora”, nos campos da arquitetura e do urbanismo, é racionalista, purista e teleológica. Mas outras tradições abafadas historicamente, ligadas a diferentes experiências de vida cotidiana nas grandes cidades, e crítica à ideia de progresso, podem (e devem) ser recuperadas, entendendo-se o presente como um palimpsesto de várias temporalidades heterogêneas que coexistem. Diante do grave “momento de perigo” que passamos a testemunhar historicamente hoje, essa escavação das nossas ruínas pode ser a semente para voltarmos a desejar outros futuros possíveis.
https://www.archdaily.com.br/br/945985/guilherme-wisnik-conversa-com-paola-berenstein-jacques-sobre-o-presente-e-o-futuro-do-campo-da-arquiteturaEquipe ArchDaily Brasil
Enquanto meio de representação da arquitetura, a fotografia apresenta qualidades indiscutíveis. Com ela, é possível apresentar a um público distante obras erguidas em qualquer lugar do mundo, de vistas gerais a espaços internos e pormenores construtivos - ampliando o alcance e, de certo modo, o acesso à arquitetura.
Entretanto, como qualquer outra forma de representação, não é infalível. Na medida que avanços tecnológicos permitem fazer imagens cada vez mais bem definidas e softwares de edição oferecem ferramentas para retocar e, por vezes, alterar aspectos substanciais do espaço construído, a fotografia, por sua própria natureza, carece de meios para transmitir aspectos sensoriais e táteis da arquitetura. Não é possível - ao menos não satisfatoriamente - experienciar as texturas, sons, temperatura e cheiros dos espaços através de imagens estáticas.
Da Chang Muslim Cultural Center / Hejingtang Studio. Image Courtesy of A' Design Awards
O A’ Design Award é um evento internacional cujo objetivo é premiar os mais inovadores projetos de arquitetura e design além de promover e divulgar o resultado do trabalho dos mais proeminentes profissionais das áreas criativas ao redor do mundo. Entre tantos outros prêmios, o A’ Design Award se destaca por sua escala e abrangência: nas onze edições anuais anteriores, foram concedidos mais de 12 mil prêmios em 110 diferentes categorias a projetos e profissionais de 180 nacionalidades. As inscrições para a edição deste ano estão abertas e você pode participar através deste link.
Na casa Jeanneret-Perret, conhecida como "Maison Blanche", de 1912, Le Corbusier já colocava em prática algumas reflexões que posteriormente abriram caminho para o modo de habitar moderno.
O ICONIC AWARDS 2020: Arquitetura Inovadora, organizado pelo Conselho Alemão de Design, homenageia as melhores soluções de arquitetura e design internacionalmente. Os vencedores deste ano já foram anunciados e podem ser vistos a seguir.
Os prêmios especiais foram entregues a Kengo Kuma and Associates (Arquitetos do Ano) e Alberto Caiola Studio (Designer de Interiores do Ano). O prêmio de Cliente do Ano foi para a Adidas AG.
Neste capítulo da série de artigos de Nikos A. Salingaros, David Brain, Andrés M. Duany, Michael W. Mehaffy y Ernesto Philibert-Petit, que trata do estudo da habitação social na América Latina, os autores apresentam algumas recomendações sobre a sequência de ações para a criação deste tipo de habitação, seja em zona rural ou urbana.
https://www.archdaily.com.br/br/922288/22-passos-para-projetar-habitacao-social-em-zona-rural-ou-urbanaNikos A. Salingaros, David Brain, Andrés M. Duany, Michael W. Mehaffy & Ernesto Philibert-Petit
Pensando em mundo mais sustentável, no momento de construir são tomadas decisões a fim de gerar o menor impacto possível, e os materiais recicláveis contribuem muito para isso. Ao construir uma parede com materiais reaproveitáveis, pode-se pensar, por exemplo, em garrafas plásticas, e assim evitar seu descarte. Porém, existe uma técnica milenar utilizada em todo o mundo que é possivelmente o material mais sustentável: o adobe.
Desde o irrompimento do surto de COVID-19 há alguns meses, eu, como muitos de vocês, passei os últimos meses trancafiado em casa, ansioso e preocupado com as consequências e desdobramentos disso tudo. Entretanto, ao invés de perturbá-los com mais previsões hipotéticas para um futuro ainda incerto, prefiro compartilhar algumas observações sobre a atual condição das cidades africanas nesta calamitosa situação que estamos vivendo. Como africano, procurarei apresentar uma perspectiva única, desprendida de limitações e fronteiras, por que, afinal de contas, esta é uma crise sanitária mundial que como tal, desconhece tais demarcações.
https://www.archdaily.com.br/br/945800/carta-aberta-da-nigeria-para-o-mundo-coronavirus-e-o-futuro-das-cidadesMathias Agbo, Jr.
O desafio de desenvolver projetos de conforto, sobretudo acústico, é um tanto quanto ingrato, uma vez que só prestamos atenção nele quando não funcionam adequadamente nos espaços. São muitas as queixas comuns: ouvir mais a conversa da sala ao lado do que a que ocorre no seu espaço, ter que gritar para ser entendido por alguém ao seu lado ou ouvir ecos excessivos nos ambientes que tornam o convívio exaustivo. Justamente esse último problema é bastante comum em espaços com estruturas aparentes, sem materiais de revestimentos. Por geralmente serem materiais pouco absorventes acusticamente, como concreto, vidros ou metais, é bastante comum que espaços com estéticas mais industriais apresentem tempo de reverberação alto. Isso quer dizer que um som emitido demora a desaparecer, pois continua refletindo nas superfícies do espaço e juntando-se aos outros sons produzidos, criando um ruído incômodo e reduzindo a compreensão das falas.
Empreendimento na Pitt Street, Sydney. Imagem cortesia de Foster + Partners
O escritório britânico Foster + Partners revelou recentemente imagens do seu projeto de uso misto Pitt Street OSD sobre uma estação de metrô na região central de Sydney, Austrália. Estendendo-se no subsolo por um quarteirão inteiro, o empreendimento oferece uma torre de escritórios de 39 pavimentos e "um centro vibrante de uso misto, com restaurantes, comércio e entretenimento" no térreo.
Outros corpos, espaços e linguagens, que são invisibilizados ou simplesmente parecem não caber na atual cidade de São Paulo, estão sendo projetados em sua paisagem. "Vozes Contra o Racismo" é uma mostra e proposição que insere novos imaginários para a cidade que está em constante disputa de narrativas. Através do evento, até o dia 24 de agosto, a rua deixará de ser apenas um espaço de trânsito para abrigar também obras de arte, os edifícios se tornarão telas e monumentos serão apagados para servir de suporte a expressões artísticas que apresentam rumos que normalmente são invisibilizados pela história.
Calçada de São Paulo. Imagem cortesia de Caos Planejado
A qualidade das ruas e calçadas é um tópico bastante debatido no Brasil e a pandemia de coronavírus acrescentou mais um fator de complexidade ao tema – a saúde pública —, fazendo-nos questionar se é, efetivamente, possível para o pedestre praticar o distanciamento social. A inquietação levou o estudante de arquitetura Conrado Freire a desenvolver um mapa da largura das calçadas de São Paulo.
Adaptado do projeto Sidewalk Widths NYC de Meli Harvey, sobre as calçadas de Nova Iorque, o Largura do Passeio toma os dados das calçadas disponibilizados pelo portal GeoSampa e sintetiza de forma visual informações sobre os passeios de São Paulo que não são acessíveis ao público em geral. A partir dos códigos abertos disponibilizados por Harvey, que já foram também adaptados para cidades como Toronto, Washington, Berlim e Milão, Freire cria uma cartografia visual que informa aquilo que é apenas sentido pelos pedestres ao se deslocarem no espaço urbano de São Paulo.
Sobre o papel da arquitetura nas relações sociais, Denise Scott Brown disse uma vez: “a arquitetura não deve forçar as pessoas a se conectarem; ela pode apenas definir espaços, eliminar barreiras e fazer dos locais de encontro mais úteis e atraentes.” Embora não possamos controlar o resultado ou a maneira como as pessoas irão se apropriar dos espaços que projetamos, a arquitetura tem o potencial de abrir portas e aproximar pessoas, preparando o terreno para que encontros casuais e interações sociais aconteçam — fortalecendo assim o sentido de pertencimento e identidade que tanto influenciam a estrutura de nossa sociedade. A seguir, procuramos expor — através de exemplos concretos — formas como a arquitetura pode potencializar interações sociais através de estratégias e soluções projetuais inteligentes, proporcionando um terreno comum capaz de aproximar pessoas e construir comunidades.
O concreto é símbolo importante de um período de grande reconhecimento da arquitetura brasileira e até hoje segue como um dos materiais preferidos dos profissionais da área interessados em explorar a flexibilidade e expressividade que seu uso confere aos projetos. Apesar de estar associado sobretudo às estruturas das construções, o concreto pode figurar como protagonista por sua materialidade, temperatura, cores e outros aspectos que vão além de suas qualidades estruturais. Quando mantido aparente, o concreto imprime um caráter marcante nas áreas internas das obras ao dialogar com os demais elementos que compõem a ambiência das propostas.
O tema do mês de março no ArchDaily foi dedicado aos interiores e os artigos relacionados a este tópico acumularam mais de 1 milhão de visualizações, superando em 240% o número de visualizações alcançadas em outros meses do mesmo semestre.
https://www.archdaily.com.br/br/945414/tendencias-em-design-de-interiores-que-influenciarao-a-proxima-decadaPola Mora
Malibu Crest, remodelação de uma casa de 1949 do Estilo Internacional, foi desenvolvida pelo Studio Bracket com o objetivo de ampliar a metragem quadrada da estrutura e as vistas panorâmicas para Malibu, mantendo mais de 50% das paredes originais da casa. O projeto foi bem-sucedido, não apenas na renovação de seus espaços internos e reconfiguração do espaço, mas no alargamento das janelas para captar verdadeiramente as vistas da lagoa e das montanhas circundantes. Essa expansão das vistas foi realizada em parte por meio de janelas de cantos abertos e vidros do chão ao teto, fabricados pela Western Window Systems. Esta tecnologia de vidros ininterruptos é uma das formas mais eficazes de abrir um espaço interior para as vistas deslumbrantes de um ambiente natural. Permitem que o espaço interno seja mais aberto para o exterior sem obstruções. A seguir, revisamos suas vantagens estéticas, suas qualidades estruturais e sua aplicação em projetos reais.
https://www.archdaily.com.br/br/945456/esquadrias-de-canto-ampliando-os-espacos-para-o-exteriorLilly Cao
Em Julho último (2019), na Plataforma habita-cidade [1] foi organizada a Oficina-viagem “Modos de Habitar: Arquiteturas Tradicionais” que levou alunos e professores para a Aldeia Ypawu, em território Kamayurá no Alto Xingu. O objetivo geral das Oficinas-viagem “Modos de Habitar” é a reflexão propositiva sobre as diversas formas do Habitat humano no planeta. Neste ano, a partir de uma demanda dos mestres construtores Kamayurá de produzir um Manual de Arquitetura local, a Oficina-viagem foi preparada para que o grupo para lá deslocado atuasse como apoio para essa importante empreitada. A ideia do Manual de Arquitetura Kamayurá foi inicialmente lançada por Kanawayuri L. Marcello Kamaiurá (liderança local) para a arquiteta Clarissa Morgenroth (arquiteta formada na Escola da Cidade) e para a diretora teatral Cibele Forjaz. A Escola da Cidade foi então convidada a participar do projeto, que foi encampado pela Plataforma habita-cidade, ligada ao curso de Pós-graduação lato sensu ‘Habitação e Cidade’.
https://www.archdaily.com.br/br/923178/manual-de-arquitetura-kamayuraLuis Octavio de Faria e Silva
Na semana passada, a Global Designing Cities Initiative (GDCI) lançou a Designing Streets for Kids, uma plataforma concebida para estabelecer uma nova hierarquia de critérios para o desenvolvimento de projetos urbanos ao redor do mundo. “Projetando Ruas para Crianças” é uma iniciativa que pretende fomentar abordagens de projeto centradas no usuário e respaldada por princípios de desenho universal, focando na ergonometria do espaço e mobiliário urbano para melhor atender as necessidades específicas das crianças e seus familiares, além de promover a acessibilidade para ciclistas e outros meios de transporte individual não motorizado, estimulando o uso de transporte público no centro de nossas cidades.
Abertura dos eixos rodoviários que definem o plano-piloto de Brasília, marco-zero da nova capital, em 1957. Como descreveu Lúcio Costa no memorial descritivo do plano-piloto, a cidade nasceu de “um gesto de sentido ainda desbravador, nos moldes da tradição colonial. […] Dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz.” Mario Fontenelle/ Arquivo Público do Distrito Federal – ArPDF
Ao comemorar 60 anos, Brasília tem a oportunidade de se inspirar nos movimentos antirracistas e anticoloniais que, mundo afora, têm contestado a monumentalidade da história oficial, para se confrontar com a memorialização do colonialismo em sua própria paisagem urbana. Ao invés de eventos comemorativos que reiteram histórias oficiais, celebrando a cidade como marco bandeirante da modernidade nacional, deveríamos fazer uma pausa – ademais imposta pela pandemia – para refletir sobre como certas memórias são eternizadas, enquanto outras são apagadas, e, então, traçar novas cartografias memoriais no tecido urbano da capital.
Trabalhando em parceria com a Ernst&Young em um projeto que vem sendo desenvolvido desde 2018, o escritório Carlo Ratti Associati (CRA) divulgou detalhes de sua mais recente empreitada, um arrojado projeto de expansão urbana para a cidade de Brasília que reinterpreta as superquadras e o plano diretor modernista concebido por Lúcio Costa em um “novo distrito de inovação e tecnologia imerso em natureza”.