“É o jogo de três escalas que vai caracterizar e dar sentido a Brasília... a escala residencial ou quotidiana... a dita escala monumental, em que o homem adquire dimensão coletiva; a expressão urbanística desse novo conceito de nobreza... Finalmente a escala gregária, onde as dimensões e o espaço são deliberadamente reduzidos e concentrados a fim de criar clima propício ao agrupamento... Poderemos ainda acrescentar mais uma quarta escala, a escala bucólica das áreas abertas destinadas a fins-de-semana lacustres ou campestres”. - Lucio Costa em entrevista ao Jornal do Brasil, 8 de novembro 1961.
A fotógrafa Joana França compartilhou uma impressionante série de fotografias aéreas da capital nacional dividida em quatro subséries, cada qual apresentando uma escala de Brasília: residencial, monumental, gregária e bucólica. Veja cada uma delas, a seguir.
A partir do século XIX, com sua Revolução Industrial e emergência dos novos tempos da máquina, a crescente população e as demandas pelo espaço urbano cada vez mais pungentes, na Europa, emergem as primeiras reflexões sobre a cidade e, mais do que isso, inicia-se o processo de estruturação disciplinar do urbanismo como teoria e prática inerentes ao novo momento histórico que se consolidava, e que teria seu produto, em relação às cidades, como apanágio do século XX. Dentro dessa lógica disciplinar que se configurava a partir de uma demanda social, ou muitas vezes, uma demanda política vinculada a pretensões militaristas de ordem e controle urbano, o século XX foi palco de todo o desenrolar dessa sociedade industrial, que tinha a cidade como seu horizonte.
Em nosso contexto atual de crise ecológica, aquecimento global, perda de biodiversidade, crescimento da população humana e expansão urbana, precisamos repensar a forma como construímos e vivemos em nossa cidade. Temos observado as consequências de um planejamento e construção urbana descontrolados, movidos apenas por uma visão capitalista e produtivista da cidade, empacotando o máximo de humanos possível nas construções mais baratas disponíveis, sem considerar o impacto em nosso planeta, em nossos semelhantes animais e plantas habitantes e nosso próprio bem-estar. As selvas de concreto que construímos no século passado provaram estar destruindo nosso clima (aquecimento global, ilhas de calor), nossos ecossistemas (perda de biodiversidade e redução da população de animais e plantas) e nossa economia (as indústrias de alimentos e produtos foram deslocadas para longe, substituídas apenas pela indústria de serviços e pela geração de grande quantidade de resíduos na cidade).
https://www.archdaily.com.br/br/993861/repensando-as-relacoes-das-cidades-com-a-natureza-robos-agricultores-urbanosAlexandre Dubor and Cristian Rizzuti
As propostas de empreendimentos urbanos na Disney World vêm de tempos antigos. Um dos últimos projetos visionários de Walt Disney foi o Experimental Prototype Community of Tomorrow (EPCOT), um centro para empresas americanas e para a vida urbana. Disney defendia que os problemas das cidades eram as questões mais críticas para a sociedade e planejou uma cidade que pudesse se desenvolver de forma controlada, na contramão da expansão que os EUA tiveram durante a primeira metade do século passado. Depois de sua morte, em 1966, o conceito "EPCOT" foi abandonado porque a empresa não estava certa sobre a viabilidade de operar uma cidade. Cinquenta e cinco anos depois, após uma pesquisa minuciosa, o Walt Disney World escolheu para isso a Michaels Organization por sua experiência na construção e administração de comunidades habitacionais alcançáveis.
Em uma era de globalização sem precedentes, nossas cadeias de abastecimento de alimentos – as instituições e mecanismos envolvidos na produção e distribuição de suprimentos – tornaram-se mais longas. Tanto que dificilmente são percebidas como cadeias ou sistemas. Elas foram integrados em nossas vidas e em nossas cidades e transformaram nossas relações com a comida. E, no entanto, essas longas cadeias de abastecimento de alimentos estão envolvidas em alguns dos nossos problemas globais mais prementes, desde a segurança alimentar e o desperdício até a biodiversidade e as mudanças climáticas. Essas cadeias de abastecimento chegaram ao seu estado atual, sua extensão atual, ao longo de décadas, ou talvez séculos, por meio de todos os tipos de processos políticos, sociais, culturais e econômicos, e carregam consigo uma série de fardos: relações vagas entre produtor e consumidor, e uma série de externalidades ambientais negativas, entre muitas outras.
Com o fim de mais um ano, a equipe do ArchDaily reúne os destaques da arquitetura em uma série de retrospectivas que buscam resgatar o conteúdo apresentado no período que se encerra. Como parte deste esforço, nossa equipe de projetos se volta para uma das categorias mais populares entre os leitores, a arquitetura residencial, com o objetivo de reunir aqueles que representam o melhor de uma vasta produção arquitetônica mundial a partir do olhar da nossa audiência.
Cidades são espaços apaixonantes e desafiadores. Ao mesmo tempo em que são territórios de troca e encontro, apresentam problemas que podem parecer sem solução. O episódio 58 do Betoneira conversou com o urbanista Mauro Calliari sobre as possibilidades das cidades, levando em conta a complexidade do cenário pós-pandemia.
O primeiro ponto abordado por Callliari foi o próprio conceito de cidade. Segundo ele, sua definição exata é um dos debates centrais do urbanismo, pois existem muitos modos de encarar a questão. Uma cidade costuma ser um lugar razoavelmente grande, denso e diverso. Cidades pressupõem uma certa aglomeração de pessoas, de atividades comerciais e de outras atividades necessárias à manutenção da vida.
A palavra comensalidade refere-se ao ato de comer junto, dividindo uma refeição. Muito mais que uma mera função de necessidade humana essencial, sentar-se à mesa é uma prática de comunhão e trocas. Um artigo de Cody C. Delistraty compila alguns estudos sobre a importância de alimentar-se em conjunto: alunos que não comem regularmente com os pais faltam mais à escola; crianças que não jantam diariamente com a família tendem a ser mais obesos e jovens em famílias sem essa tradição acabam tendo mais problemas com drogas e álcool, além de desempenho acadêmico mais fraco. Evidentemente que todas estas questões levantadas são complexas e não devem ser reduzidas a somente um fator. Mas ter um local adequado para fazer as refeições, livre de muitas distrações, é um bom ponto de partida para ao menos um momento focado na conversa e alimentação. Estamos falando das mesas de jantar. Revisamos aqui alguns projetos para classificar as formas mais comuns de se implantar estes importantes mobiliários.
Vontade Indômita (The Fountainhead em inglês), de 1949, baseado no romance A Nascente da escritora russa naturalizada nos Estados Unidos Ayn Rand, retrata a jornada de um jovem arquiteto vanguardista que se encontra dentro de um debate arquitetônico entre a “criação” e a industrialização da profissão. O romance de 1943 apresenta o Objetivismo de Rand, filosofia à qual se ateve por grande parte da carreira e que define o ser humano como um ser heróico, cuja atividade mais nobre é a realização produtiva, mesmo se só for alcançada através de renúncias e auto sacrifício.
https://www.archdaily.com.br/br/993639/alegoria-e-arquitetura-moderna-uma-analise-do-filme-vontade-indomitaBruna Bonfim e Nara Albiero
Preparamos uma lista abrangente com 125 livros de arquitetura e temas relacionados que consideramos interessantes para ampliar seus conhecimentos sobre a disciplina.
Buscamos títulos de diferentes partes do mundo com o objetivo de apresentar visões que dizem respeito a contextos culturais distintos. De compilações de ensaios e teorias sobre o crescimento das cidades a romances que flertam com a arquitetura e séries de ilustrações e gravuras.
Veja, a seguir, nossas sugestões acompanhadas por uma breve descrição.
https://www.archdaily.com.br/br/901773/os-116-melhores-livros-de-arquitetura-para-profissionais-e-estudantesArchDaily Team
Chegamos ao final de 2022 e é hora de rever os marcos mais importantes do ano no ArchDaily. Desta vez, apresentamos as dez fotos mais curtidas no Instagram do ArchDaily internacional.
https://www.archdaily.com.br/br/994083/as-fotos-mais-curtidas-no-instagram-do-at-archdaily-em-2022ArchDaily Team
Todos os anos, o ArchDaily apresenta milhares de novos projetos que compõem a maior biblioteca on-line de arquitetura do mundo. Nossa equipe de curadores analisa, pesquisa e se encarrega de explorar algumas das obras arquitetônicas mais inovadoras e relevantes do mundo. Assim como os projetos apresentados no primeiro livro do ArchDaily, nosso objetivo é abrir nossa plataforma e destacar (O que é) boa arquitetura. Para isso, nos debruçamos sobre intervenções de todos os tamanhos e formas, que refletem características sustentáveis, consciência local, avanço tecnológico e conforto e bem-estar. A lista dos 100 melhores projetos do ArchDaily, em particular, combina todos estes fatores com os dados que obtemos da nossa audiência, a partir dos projetos em que os leitores estão mais interessados.
https://www.archdaily.com.br/br/994111/os-melhores-projetos-de-arquitetura-de-2022ArchDaily Team
Em mais um episódio de entrevista, o Arquicast conversa com o fundador do escritório Sotero Arquitetos, o arquiteto Adriano Mascarenhas, formado na Universidade Federal da Bahia com trabalhos bastante diversificados em escala e programas. Com sua sede às margens da Baía de Todos os Santos, a equipe adota uma postura investigativa na sua prática projetual, e vem conquistando diversos prêmios nacionais, com publicações das suas obras no Brasil e no exterior.
O escritório de arquitetura Tres Birds, com sede em Denver, anunciou que a construção do edifício de madeira mais alto da cidade está planejada para começar em julho de 2023. O edifício de 12 andares chamado “Return to Form” estará localizado no River North Arts District. Seu sistema estrutural utiliza madeira maciça e uma nova tecnologia que utiliza árvores de pequeno diâmetro de florestas manejadas de forma sustentável. Por meio do plantio contínuo e da colheita responsável, essas florestas estão se tornando uma fonte de materiais de construção renováveis e de baixo impacto. A estrutura de madeira maciça é composta por painéis laminados colados entre si. Isso fornece não apenas força e estabilidade, mas também resistência ao fogo.
2022 foi um ano agitado que, novamente, resultou em uma cobertura diversificada no ArchDaily, desde a especulação acerca dos materiais de construção do futuro até a análise do papel narrativo que a arquitetura desempenha na literatura. Uma seleção de artigos do ano que passou foi reunida abaixo, organizada em quatro tópicos.
Renée Gailhoustet, arquiteta francesa, pioneira da habitação social e vencedora do Prêmio de Arquitetura 2022 da Royal Academy, faleceu aos 93 anos. Conforme anunciado pela Royal Academy, ela faleceu em sua casa em Le Liégat, Ivry-sur-Seine, um de seus projetos mais conhecidos, concluído em 1982. Ao longo de sua carreira, iniciada na década de 1960, Renée Gailhoustet foi uma forte defensora da habitação social, exemplificando por meio de seu trabalho uma visão de moradia generosa em harmonia com o ambiente urbano.
O escritório CRA-Carlo Ratti Associati, em parceria com o arquiteto Italo Rota e o urbanista Richard Burdett, apresentou o masterplan da candidatura de Roma para sediar a Exposição Universal de 2030. O projeto propõe um esforço conjunto de todos os países participantes para criar uma fazenda solar que poderia abastecer o evento e ajudar a descarbonizar os bairros vizinhos.
A Expo está prevista para acontecer em Tor Vergata, uma vasta área em Roma que abriga a universidade de mesmo nome e um bairro residencial densamente habitado. Todos os pavilhões são projetados para serem totalmente reutilizáveis, já que a área proposta será transformada em um distrito de inovação após o evento, na esperança de requalificar o bairro. O plano diretor foi desenvolvido em conjunto com vários parceiros, incluindo a ARUP para sustentabilidade e infraestrutura, a LAND para paisagismo e a Systematica para estratégia de mobilidade.
O rei Charles III divulgou a lista de honras de ano novo 2023, reconhecendo aqueles no Reino Unido que demonstraram serviço exemplar ou realizações em seus campos. A arquiteta, acadêmica e romancista de origem ganesa e escocesa Lesley Lokko está entre os que foram nomeados oficiais da Ordem do Império Britânico (OBE) por seus serviços à arquitetura e à educação. Em dezembro de 2021, ela foi anunciada como curadora da 18ª Exposição Internacional de Arquitetura - La Biennale di Venezia, que será realizada de 20 de maio a 26 de novembro de 2023.
A Sagrada Família de Gaudí em Barcelona iluminou o topo das torres dos Evangelistas Lucas e Marcos, celebrando assim a conclusão dessas duas novas estruturas que atingem 135 metros de altura. Com a torre da Virgem Maria, inaugurada em dezembro de 2021, metade das seis torres centrais já estão finalizadas.
No dia 10 de outubro de 2023, os mais de 200.000 arquitetos e urbanistas brasileiros vão escolher seus representantes no CAU Brasil e nos CAU/UF para a gestão 2024/2026.
Em colaboração com a consultora de arquitetura e engenharia Sweco e o escritório de paisagismo Tredje Natur, a firma Zaha Hadid Architects foi selecionada para projetar o novo estádio de futebol de Aarhus na Dinamarca. Apelidado de "Arena da Floresta", o estádio será inserido na floresta de Marselisborg, oferecendo espaços públicos e locais para eventos durante todo o ano. Com inauguração prevista para 2026, o complexo terá quase 70 mil metros quadrados, incluindo a arena Aarhus e a reforma do edifício adjacente Stadionhallerne, concluído em 1918 pelo arquiteto Axel Høgh-Hansen.
Autoridades do Qatar começaram a desmontar o Estádio 974 após sediar sete partidas durante a Copa do Mundo da FIFA, com seis jogos da fase de grupos e uma partida eliminatória das oitavas de final. Este foi o único estádio construído para a Copa do Mundo sem ar-condicionado, por isso, só recebia partidas noturnas. De acordo com a BBC, os trabalhadores da construção se mudaram para o local no dia 9 de dezembro para “tirar o estádio do modo de torneio”. A estrutura foi projetada para ser o primeiro estádio compatível com a FIFA que pode ser totalmente desmontado e reaproveitado após o término da competição. Embora o Qatar tenha chamado isso de “exemplo de sustentabilidade”, especialistas alertam que a sustentabilidade real depende de vários fatores, incluindo quando e onde o estádio será reutilizado.