Em um terreno de 350 hectares, 24 superquadras organizam as dez mil unidades habitacionais do conjunto Ciudad Kennedy, em Bogotá. A sua construção, entre 1961 e 1963, abarca um projeto de cidade que está inserido em uma trama social, política e ideológica que envolve a Colômbia em particular, mas que é compartilhada por toda a América Latina em alguma medida durante o período da Guerra Fria.
Artigos
O projeto habitacional Ciudad Kennedy e a ideia de América Latina
Campanópolis, a pequena vila nascida da reciclagem em Buenos Aires
Atualmente, o papel dos arquitetos excede os limites da construção, atingindo campos muitas vezes impensáveis, mas que, no entanto, demonstram uma relação estreita com a profissão. Se voltarmos no tempo, o fato é que muitos edifícios, casas, monumentos e até cidades foram construídos intuitivamente, sem contar com planejamento urbano ou arquitetos renomados. Sem dúvida, os arquitetos de hoje enfrentam um grande desafio que vai além de demonstrar nossas habilidades e conhecimentos, e se estende a outras áreas que nos envolvem, mas nós ainda não o conhecemos. Qual será, então, o perfil do arquiteto do futuro?
Inspirado pela natureza: conhecendo a obra do Atelier Marko Brajovic
Com sede na cidade de São Paulo, o Atelier Marko Brajovic foi fundado em 2006 pelo arquiteto Marko Brajovic. Com uma prática multidisciplinar, a ideia do híbrido se manifesta como norte conceitual do escritório que atua em diversas frentes: arquitetura, cenografia, expografia, direção criativa, design de interiores e produtos. Com uma linguagem vasta que explora diferentes áreas, formatos e estéticas, seus projetos são, sobretudo, reconhecidos por romper com o cânone moderno e buscar soluções na natureza.
O desenvolvimento urbano sustentável na agenda 2030 da ONU
Em sua concepção mais difundida, o desenvolvimento sustentável é compreendido como a satisfação das necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as próprias necessidades. Ainda que ele seja frequentemente associado a questões ligadas ao meio ambiente e aos recursos naturais, o desenvolvimento sustentável vai além e envolve também aspectos sociais e econômicos, como justiça, inclusão e erradicação da pobreza.
Novas construções nem sempre são a resposta
Este artigo foi publicado originalmente em Common Edge.
A Califórnia, assim como a maioria dos Estados norte-americanos, passa por uma crise habitacional. Mas, diferente do resto país, está de fato trabalhando para aprimorar a situação, com iniciativas públicas e privadas que, para os críticos, não podem deixar de ser consideradas inadequadas. A região da Baía de San Francisco tornou as unidades de moradia acessórias legais alterando leis de zoneamento, mas isso quase não rendeu um impacto. Algumas cidades estão agora impulsionando. Algumas cidades agora pressionam por zoneamentos adicionais, para oferecer às incorporadoras mais espaço para construir novas edificações para o mercado a preços mais baixos de locação. Há todo tipo de estudo, financiado por universidades ou conduzidos pelo setor, que recomendam soluções mais ou menos radicais para um problema para o qual aparentemente não há solução. Os ambientalistas são naturalmente retratados como vilões, já que não admitem novos empreendimentos. E os californianos são duros com suas autoridades eleitas, como o atual governador descobriu no ano passado.
James Turrell inaugura obra "Skyspace: Espíritu de Luz" em Monterrey no México
Recentemente, o Tec de Monterrey inaugurou o novo espaço Skyspace: Espíritu de Luz, uma instalação projetada pelo artista James Turrell que agora faz parte do DistritoTec em Monterrey, México. A obra, que foi concebida como um observatório para proporcionar uma experiência visual única através de uma sequência de luzes a cada 12 horas, de manhã e à noite, é parte de uma homenagem à vida e obra de Dom Eugenio Garza Sada e Eugenio Garza Lagüera.
Tainá de Paula fala sobre corpo, territorialidades e a não cidade
O curso de pós-graduação Cidades em Disputa – pesquisa, história e processos sociais, da Escola da Cidade, recebeu Tainá de Paula, que ministrou a aula aberta “Corpo e territorialidades: o debate necessário da não cidade”. Criada em uma das favelas da Praça Seca, zona oeste do Rio de Janeiro, a arquiteta e urbanista se define como mulher preta, mãe e ativista das lutas urbanas, principalmente nas periferias e favelas. Na exposição, Tainá, que desde 2020 também atua como vereadora, discutiu os territórios subalternizados e a “não cidade”, que exclui e segrega, além de apresentar a necessidade urgente da elaboração de uma agenda de rompimento dessas condições, com a emancipação de raça, classe e gênero.
Esquadrias de PVC em projetos residenciais: resistência e baixa manutenção
O PVC, como é chamado o material sintético Policloreto de Polivinila, ou Policloreto de Vinil, é um dos plásticos mais produzidos do mundo, chegando a 40 milhões de toneladas por ano. Sua aplicação é bastante variada e na construção civil encontrou ramos distintos, servindo tanto como insumo para infraestrutura quanto para acabamentos.
"A infância no Brasil é urbana": Ursula Troncoso fala sobre cidade, criança e mobilidade
A Escola da Cidade, por meio dos cursos Arquitetura, Educação e Sociedade e Mobilidade e Cidade Contemporânea do Programa de Pós-Graduação, em parceria com o programa Criança e Natureza do Instituto Alana, contou com a presença de Ursula Troncoso para oferecer duas aulas com a intenção de fomentar uma agenda de criação de cidades mais verdes, acessíveis e amigáveis às crianças que inclua a infância no centro do debate sobre cidades, entendemos ser necessária a formação de uma rede com articulação entre universidades, gestores públicos e sociedade civil, a fim de promover ações pautadas na inovação urbana, qualidade de vida, sustentabilidade e bem-estar para as crianças e para o planeta.
Controle utópico: cidades operárias no Brasil e no Chile
O ambiente construído que habitamos pode ser hostil, tanto em uma escala arquitetônica individual quanto em um contexto urbano mais amplo. Pessoas em situação de rua, por exemplo, são dissuadidos de descansar em bancos públicos pela presença ameaçadora de grades e outras formas de arquitetura hostil. De uma lente global, vemos o impacto que as fronteiras têm em meio à hostilidade anti-imigração, exemplificado de forma imponente pelo fechamento da fronteira de Melilla entre o Marrocos e a Espanha. Esta "hostilidade" pode ser encontrada em um grande número de assentamentos ao redor do mundo, formados como resultado da migração orgânica ou configurados a partir do controle — como as cidades operárias criadas por grandes companhias.
Camilo Restrepo: "O mais interessante na arquitetura do trópico é o corte e não a planta"
A Escola da Cidade, por meio do Curso Geografia, Cidade e Arquitetura do Programa de Pós-Graduação, recebeu o arquiteto Camilo Restrepo como convidado para falar sobre como seus interesses acadêmicos instigam até hoje seu desenvolvimento profissional. Durante a aula, Restrepo, ao falar sobre a relação entre o território e desenho, apontou a Cordilheira não como uma fronteira e sim como uma condição interessante para a arquitetura nos Trópicos, por quase nunca a relação espacial se dar horizontalmente, em planta.
Design no gelo: arquitetura e patinação
Pistas de patinação e gelo combinam temperatura, atmosfera e estruturas. Entre esporte e lazer, esses espaços são projetados em torno da experiência e do tempo como alguns dos espaços públicos mais interativos. Como uma arquitetura de recreação e lazer, os centros de patinação também abrigam uma variedade de esportes. Hoje, a arquitetura dos espaços de patinação engloba uma gama de programas e abordagens formais que definem algumas das atividades mais emblemáticas e sociais.
Usando o BIM para construir edifícios de madeira engenheirada com baixo teor de carbono
No projeto original para a Ópera de Sydney, Jørn Utzon imaginou as conchas suportadas por nervuras de concreto pré-moldado sob uma estrutura de concreto armado, o que se revelou proibitivamente caro. Sendo um dos primeiros projetos a utilizar cálculos computacionais, a solução final atingida em conjunto entre o arquiteto e o engenheiro estrutural consistiu em um sistema nervurado pré-moldado de cascas de concreto criadas a partir de seções de uma esfera. Já no Museu Guggenheim de Bilbao, a equipe de projeto utilizou o software CATIA - utilizado principalmente pela indústria aeroespacial - para conseguir modelar e materializar as complexas formas curvilíneas do volume revestido em titânio projetado por Frank Gehry. Projetos desafiadores tendem a suscitar a criatividade dos envolvidos para torná-los possíveis. Mas há sistemas construtivos que interagem bem com as tecnologias existentes. É o caso, por exemplo, da madeira engenheirada e do sistema BIM. Ao serem utilizados simultaneamente, costumam atingir projetos altamente eficientes e sustentáveis.
Linguagem fotográfica e impermanência
A fotografia é frequentemente considerada uma linguagem visual. A "mais literária das artes gráficas" é, no fim das contas, um sistema formal com uma estrutura comumente aceita e motivos reconhecíveis.
A história das cozinhas: dos grandes banquetes aos móveis embutidos
A descoberta do fogo foi um dos grandes acontecimentos que mudou a organização social dos aglomerados humanos, que passaram aos poucos do nomadismo ao sedentarismo. O fogo, que naquele contexto servia para manter as pessoas aquecidas e proteger o grupo, foi também sendo explorado como fonte de cocção de alimentos, o que não só mudou os hábitos alimentares dos humanos, como também possibilitou a conservação de mantimentos, alterando a organização social das comunidades. O preparo e as refeições eram atos coletivos, que reuniam as pessoas para se alimentar, se aquecer e se proteger. É desse hábito que herdamos a prática dos grandes banquetes e a valorização da alimentação e do momento de refeição. A preparação dos alimentos, em contrapartida, foi sendo paulatinamente marginalizada.
Ao passo que egípcios, assírios, fenícios, persas, gregos e romanos compartilhavam do hábito de realizar grandes banquetes, o preparo ganhava cada vez menos prestígio, perdendo sua dimensão social coletiva até ser fisicamente segregado em um cômodo específico: a cozinha.
Quais materiais de construção podem ser prejudiciais à nossa saúde?
Em cada uma das nossas narinas dois tipos de nervos assumem uma função imprescindível à nossa saúde. Os nervos olfativos e trigêmeos captam os odores e enviam informações ao cérebro, mais especificamente ao bulbo olfativo, para interpretação. Por sua vez, este se comunica com o córtex, responsável pela percepção consciente dos odores, mas também com o sistema límbico, que controla o humor e as emoções inconscientes. Esta é uma defesa do corpo quanto a maus cheiros ou odores irritantes ou fortes demais, criando aversão aos que poderiam nos prejudicar de alguma forma.
Mas nem todos os poluentes podem ser detectados neste sistema sofisticado e estes possuem uma capacidade intrínseca de influenciar positiva ou negativamente nossa saúde. De fato, pesquisas têm demonstrado que a qualidade do ar pode ser bastante pobre e até preocupante em muitos ambientes fechados, onde passamos cerca de 90% da nossa vida. Geralmente isso é causado por uma ventilação inadequada do espaço, poluição externa, contaminantes biológicos mas, principalmente, contaminantes químicos de fontes internas. Ou seja, dos materiais de construção utilizados no espaço. Há alguns produtos que devem ser evitados, sempre que possível.
É proibido construir ruas bonitas no Brasil
Tem algo muito errado quando as ruas mais bonitas do Brasil seriam proibidas de serem construídas hoje em dia. Isso mesmo, a quase totalidade dos Planos Diretores brasileiros proíbe qualquer um de nós de construir casas e prédios com as características que fizeram essas ruas serem eleitas as mais bonitas do Brasil.
Estratégias para reduzir o carbono incorporado no ambiente construído
A crescente demanda dos consumidores por transparência — especialmente em torno da sustentabilidade e das práticas ambientais — traz implicações para as indústrias, desde vestuário até produtos de saúde. A Mars Inc. lançou recentemente um mapa de abastecimento de cacau para combater o desmatamento e aumentar a responsabilidade da empresa. Além disso, o Índice de Transparência da Moda incentiva as empresas de vestuário a serem mais transparentes sobre seus esforços sociais e ambientais.
Agora é hora da indústria da construção civil, caracterizada pela falta de informações sobre os materiais e práticas utilizadas na construção e durante todo o ciclo de vida de um edifício, recuperar o atraso. O custo da ausência de ação é muito alto para ser ignorado. Isso porque os edifícios respondem por 39% do total das emissões globais de carbono. Tradicionalmente, maior parte dos esforços de redução de carbono na construção civil se concentra no uso operacional de carbono — o uso diário de energia de um edifício responde por cerca de 28% das emissões. Os 11% restantes vêm do que é frequentemente ignorado: o carbono incorporado.
3.3 Bilhões de pessoas estão muito vulneráveis aos impactos do clima
Os impactos da mudança climática causada por seres humanos já provocaram perdas e danos para pessoas e ecossistemas. Esses impactos são mais graves entre populações urbanas marginalizadas, como os moradores de favelas. Nas regiões mais vulneráveis, o número de mortes por secas, enchentes e tempestades foi 15 vezes maior na última década do que nas regiões menos vulneráveis.
Arquitetura, moda e direção de arte em desfiles de alta costura
O ensino de arquitetura não trata apenas de aprender como projetar e construir edifícios, mas oferece uma perspectiva totalmente nova sobre nosso ambiente construído e sobre como o projeto pode contribuir para criar espaços e experiências de qualidade. Além disso, parte do conhecimento em arquitetura pode ser utilizada como um recurso para criar outras configurações espaciais além do edifício tradicional, abrindo um mundo diversificado de possibilidades em termos de espacialidade e materiais.
Dando um lar à natureza nas cidades: tijolos para ninhos de abelhas
A relação da humanidade com os insetos é antiga e complexa. Enquanto eles podem disseminar doenças e arrasar plantações, também são vitais para nossa sobrevivência no Planeta Terra, como polinizadores e recicladores. Edward Osborne Wilson, importante biólogo norte-americano, afirmou, em um de seus artigos, que “se os insetos desaparecessem, quase todas as plantas com flores e as teias alimentares que elas sustentam desapareceriam. Essa perda, por sua vez, causaria a extinção de répteis, anfíbios, aves e mamíferos: na verdade, quase toda a vida animal terrestre. O desaparecimento de insetos também acabaria com a rápida decomposição da matéria orgânica e, assim, interromperia a ciclagem de nutrientes. Os humanos seriam incapazes de sobreviver.”
Sobretudo com as abelhas a opinião pública tem mudado nos últimos anos e sua importância para a produção de alimentos tem acendido alertas sobre o uso indiscriminado de venenos e agrotóxicos pelo mundo. Mas diferente da natureza, com meandros e inúmeras possibilidades de locais para repouso, nossas cidades e edifícios modernos geralmente não criam bons locais para receber os insetos, e mesmo pássaros ou outros animais. A empresa inglesa Green&Blue tem trabalhado nisso e criado refúgios para incorporar a natureza às nossas edificações. Conversamos com eles para entender sobre estes produtos.
Respostas arquitetônicas para crises humanitárias: indo além do projeto
Após décadas de crises socioculturais e econômicas em todo o mundo, a comunidade arquitetônica percebeu que é hora de "projetar como se ela se importasse". E com isso, abraçou um movimento que viu arquitetos e designers usarem suas habilidades a fim de desenvolver soluções para crises humanitárias, desde a construção de habitações modulares e mapeamento de paisagens, até o desenvolvimento de aplicativos ou documentários, tudo de um ponto de vista altruísta. Mas, já que, o trabalho pro bono ainda não está enraizado no ethos da arquitetura, como os arquitetos romperam com o modelo tradicional de arquitetura “corporativa” e estabeleceram uma forma de garantir a responsabilidade ética pelo bem-estar humano?